segunda-feira, 4 de junho de 2007

Entrevista com o Davide Lobão dos Chemical Wire


O blog Pura Audição decidiu abrir uma nova faceta no blog, entrevistas a pessoas relacionadas com o mundo da música, desta feita e para abrir esta nova secção o convidado foi Davide Lobão (Vocalista/Guitarrista) dos Chemical Wire.
O projecto Chemical Wire surgiu em 1999 e está cheio de qualidade e ambição, se querem conhecer esta banda visitem o seu myspace, ai vão encontrar a lista dos próximos concertos desta.
Entrevista:
Pura Audição:Para começar, como sempre, gostava que me falasses sobre a formação dos Chemical Wire.
Davide Lobão:A banda começa em 1999, era um trio instrumental. Em 2002 entrei eu como vocalista e depois trocamos de baixista. Andamos durante cerca de um ano a fazer concertos com o nome de Wise Womb e ao fim desse tempo mudamos de nome. Em Maio de 2006 o guitarrista que fazia parte da formação inicial decidiu sair da banda e ficamos a cumprir o resto das datas que tínhamos até ao fim do ano com o Gustavo (Yoshi, The en Gate, ex-Genoflie). Ao fim desse tempo decidimos finalmente parar e reorganizar forças. Ficamos um trio, eu passei a acumular a função de guitarrista. Depois de alguns ensaios pareceu-nos a solução mais óbvia ficarmos só os 3, as coisas funcionam melhor em todos os aspectos. Vamos lá ver se isso passa também para as pessoas que nos vêm e ouvem.
PA:Como surgiu o nome Chemical Wire?
DL:Chemical Wire surge por sugestão de uma americana com quem eu falava frequentemente no aim, ela trabalha numa empresa de A&R e acreditava muito em nós, não sei porque raio deixei eu de falar com ela, lembraste-me de uma boa coisa. Falamos algumas vezes acerca do nome e ela acabou por começar a sugerir alguns nomes. Chemical Wire veio por sugestão do patrão dela que era fã de uma banda chamada Firehose, banda que tinha como seu principal êxito uma musica chamada Chemical Wire, que é bem boa por sinal.
PA:Como descreves o vosso som?
DL:Talvez cliché ou não mas o nosso som é uma descarga emocional. Há estilos identificativos, notam-se algumas das influências mas nós ouvimos tanta coisa diferente, temos perspectivas tão diferentes da música que quando juntamos tudo acabamos por nos surpreender a nós próprios, e é isso que nos dá cada vez mais força para lutar contra todas as adversidades. O nosso som tem marcadamente influência do rock americano mas ao mesmo tempo não. Somos uma banda portuguesa, não temos qualquer problema com isso, somos portugueses, cantamos em inglês mas fazemos música e a música é universal. Na última tentativa de descrever o nosso som diria talvez que é como uma bola de neve, vem montanha abaixo e leva tudo à frente.
PA:Qual o teu maior sonho para a banda?
DL:O maior, para todos nós, é podermos fazer só isto, 24h sobre 24h, desde sempre. Poder criar sem limitações de trabalho, de faculdade, de outras preocupações que fazem com que toda a gente chame isto da música de hobbie. Para nós não é, tudo gira em torno da nossa música, tudo nas nossas vidas, é tudo o resto que está adaptado a isto não é isto que está adaptado a tudo o resto. O que eu acho extremamente ingrato aqui é o pais onde vivemos não conseguir perceber isso, mas é mesmo assim, tens que levar na bagagens amizades (verdadeiras ou não) daquelas que têm outras amizades que levam as amizades a tocar em todo lado (de uma forma merecida ou não).
PA:Depois da saída do vosso guitarrista a vossa banda ficou com apenas três elementos. A banda vai continuar só com os três?
DL:Sim. Neste momento, e tal como já tinha dito, tudo faz muito mais sentido, estamos os três completamente dedicados ao que estamos a fazer agora, com vontade de fazer cada vez mais e de ir a todo o lado tocar. A banda é a mesma, o núcleo duro continua lá. Agora mais unido que nunca.
PA:Em que é que isso poderá alterar a vossa sonoridade?
DL:A sonoridade não alterou significativamente, a única diferença é que não tocamos todas as músicas que tocávamos antes, porque temos músicas novas, e somos 3 em palco em vez de 4, é essa a única diferença. Acho que estamos cada vez mais à procura da nossa própria identidade sonora, queremos fazer música que soe a nós, Chemical Wire.
PA:Já ouvi falar em gravações para um próximo trabalho vosso, podes adiantar-nos alguma coisa?
DL:Estamos a gravar, é bem verdade. Chegamos à conclusão que a única forma de progredirmos na nossa carreira enquanto banda era gravarmos um álbum. Falamos com algumas pessoas, outras falaram connosco e começamos a gravar. 11 temas, tudo temas que não gravamos antes. A produção está a cargo do Gil Figueiredo (This is Máfia) e estamos a tentar que saia lá para o fim do ano. Temos uma música que fizemos em pré produção no myspace, a Shining Train, e o resultado da composição a 3 (a propósito da questão anterior) está à vista.
PA:Quais as bandas que mais vos influenciaram?
DL:Eu não sei bem responder a isso, falo um pouco por mim. Mas julgo que sempre tivemos um álbum em comum desde que temos a banda que é o Blood Sugar Sex Magic dos Red Hot Chili Peppers mas daí salta pata muitas outras coisas, Men Women and Children, Prince no álbum Rainbow Children, Zen, He is Legend, sei lá, o Rimm (baterista) sempre foi fã do som disco dos anos 70 mas também sempre gostou muito dos Slipknot. Como podes ver o leque de influências nunca mais pára. A principal influência é tudo aquilo que vivemos no dia à dia, é isso que nos faz fazer música e expressarmo-nos assim, por isso, todas as bandas que nos soem honestas e sinceras são uma influência para nós.
PA:Na tua opinião como está o panorama musical português?
DL:Está, em termos criativos, bastante bom mesmo, em termos comerciais mau (mas com uma tendência a melhor), em termos de mentalidade péssimo e cada vez mais mesquinho, em termos de underground muito muito bom. No top de amigos do nosso myspace ( http://www.myspace.com/wisewomb) temos bandas com qualidade suficiente para serem tão grandes ou maiores que Blasted, Blind Zero, Abrunhosa, Da Weasel e por aí fora só que à frente vêm as desculpas, ou é porque canta em inglês, ou é porque ninguém vai querer ver os concertos, ou é porque dói o dente do lado direito e não pode trabalhar. Há um exemplo bastante interessante chamado Toranja. Eles lançaram o primeiro álbum pela Universal Portugal e durante esse ano tocaram em tudo quanto era lado, festivais todos, mesmo apesar de o trabalho ter sido lançado pouco antes e de as pessoas ainda n terem tido tempo de o assimilar. Cheguei a vê-los em dois festivais de Verão e tocavam a abrir os palcos principais com muito pouca gente a ver. No ano a seguir toda a gente conhecia Toranja, não era por encherem estádios mas toda a gente os conhecia e ouvia a música (não se ponha nada em questão, eu gosto da banda). Lançaram o segundo álbum, fizeram tour, algumas datas com os Los Hermanos cá em Portugal mas sempre com pouquíssima gente a ver. Conclusão, o vocalista agora vai lançar o seu projecto a solo. O que eu quero dizer com isto tudo é que é preciso apostar tal como se aposta nos Toranja, não sei porquê, o público tem que ser estimulado pela música da banda e pela banda, não é só pela sua presença em grande palcos. Daí o panorama musical português ter pontos muito fortes e outros fraquíssimos. Depois toda a gente se espanta pelo Tony Carreira e o filho encherem coliseus.
PA:Achas que a vossa banda ainda está à procura de um som próprio, ou achas que já o alcançou?
DL:Acho que essa busca é incessante, nunca paramos de procurar o nosso som. Nós nunca fazemos música para soar a alguma coisa, fazemos porque nos soa bem, porque é o que nós queremos fazer. Acho que todas as bandas funcionam assim, nesta procura. Não concordo, como alguns dizem, que na música está tudo inventado porque, se as pessoas são todas diferentes, se não há uma igual à outra e se são sempre pessoas diferentes que fazem música como poderemos algum dia ter duas músicas iguais? E duas bandas iguais? Um grupo de pessoas que se junta e que junta a sua energia para fazer música, um acto tão emocional? Procurar procurar procurar, e havemos de continuar à procura.
PA:Para terminar, uma pergunta frequente, que concelhos podes dar às bandas que estão para sair da garagem.
DL:Trabalhem muito, sejam amigos, muito amigos porque se a coisa começa a ficar séria a vossa banda é a única coisa em que podem confiar e acima de tudo humildade, muita.
PA:Muito obrigado pela entrevista e pelo tempo dispensado, boa sorte e até uma próxima.
DL:De nada Pedro, obrigado nós!!
Podem ficar a par do trabalho dos Chemical Wire e ouvir as suas músicas no seu myspace.

3 comentários:

Alexandre Pereira disse...

Muito boa iniciativa mesmo. Boa sorte com mais entrevistas!

Greenie disse...

A iniciativa é boa, pena é as perguntas serem praticamente as mesmas que fiz ao Davide no meu blog ;)

Unknown disse...

yeah, sounds familiar...